A vitória nos pênaltis do Boca sobre o Talleres desencadeou uma onda de acusações cruzadas entre o presidente do clube cordobês, Andrés Fassi, e o árbitro do jogo, Andrés Merlos. Fassi acusou o juiz de ter prejudicado o “T”. Merlos, por sua vez, afirmou ter sido ameaçado por Fassi e outras duas pessoas no vestiário após a partida. O árbitro afirmou que um deles tinha uma arma de fogo. Fassi negou as acusações e intensificou a polêmica. Hoje, um vídeo foi divulgado na conta X da TyC Sports, mostrando o momento exato em que Fassi entra no vestiário e tem uma situação tensa com Merlos.

A briga entre Fassi e o árbitro Merlos vem de anos, mas se intensificou no sábado. Durante toda a partida, Fassi insultou o árbitro principal das arquibancadas. As reclamações por parte do dirigente começaram com a polêmica em torno do primeiro gol de Brian Aguirre para o Boca. O clima de agressividade persistiu até o fim, mesmo depois da eliminação da equipe cordobesa. Após a derrota nos pênaltis, Fassi foi em busca de Merlos na área dos vestiários.

Como mostrado no vídeo divulgado pela TyC Sports, o presidente do “T” confrontou a equipe de arbitragem aos berros pela eliminação, alegando que o gol do Boca deveria ter sido anulado, entre outras jogadas. Ambas as partes trocaram gritos, empurrões e insultos, o que exigiu a intervenção da polícia para separá-los.

Paralelamente à divulgação das imagens, Sebastián Fassi, filho do presidente do Talleres, escreveu: “Este vídeo esclarece todas as mentiras ditas pelo inaceitável e insensato Merlos, difamação pura contra Andrés. Vergonha absoluta. A verdade é única.” Após o confronto com Merlos, Fassi explicou em declarações à ESPN: “Ao final do jogo, desci da tribuna para ir ao vestiário. Perguntei ao árbitro por que continuava prejudicando o Talleres deliberadamente. Não é a primeira vez, já aconteceu várias vezes. A situação do gol foi inexplicável. Inexplicável que tenha validado um gol dessa magnitude.”

Em seguida, ele continuou e relatou como a briga começou: “Ele começou a gritar comigo e disse que se eu queria falar, estava convidado. Começou a ficar muito prepotente. Eu disse que com prazer porque é claro que eu ia falar, fui perguntar a ele. Começou uma discussão na área dos vestiários.” “Naquele momento, ele entrou no vestiário e o seguravam, porque claramente queria me agredir. Os bandeirinhas e o quarto árbitro o seguraram. Em determinado momento, enquanto eu estava do lado de fora, parece que se soltou, veio até mim e me agrediu. Ele me deu um soco e um chute no vice-presidente Hugo Gatti”, especificou.

Vinte e quatro horas depois, Merlos também deu sua versão dos acontecimentos. “Estávamos conversando, muito descontraídos, sobre as penalidades, pois era a primeira vez que tivemos que cobrar 22 pênaltis.” O árbitro continuou: “Quando estávamos a nove metros da porta do meu vestiário, Fassi estava lá parado com mais umas cinco pessoas.” “Ele começou a gritar comigo, a dizer por que eu estava fazendo aquilo, veio para cima de mim”, relatou.

O árbitro afirmou várias vezes que convidou Fassi a entrar no vestiário para falar sobre o jogo e disse: “Mas ele estava apontando para mim de forma ameaçadora. Ele me disse ‘vamos te matar’, ‘você é um filho da mãe'”. Segundo seu relato, só foi quando a polícia chegou, com seus escudos, que a situação não evoluiu para algo mais grave. “Quando entrei no vestiário, me virei pensando que meus assistentes estavam atrás de mim e, não, vinham essas duas pessoas com Fassi e foi um deles que colocou a mão no bolso de um casaco cinza e eu consegui ver a culatra de uma pistola”, prosseguiu Merlos.

Ele afirmou ter ficado “atordoado” com essa situação e que o primeiro que fez foi gritar “ele tem uma arma!, ele tem uma arma!”. Merlos acrescentou que os três homens saíram do local e que o chefe da segurança do estádio “não fez nada”. Imediatamente após a declaração do árbitro, o presidente do Talleres se defendeu das acusações: “Não entramos no vestiário e ninguém estava armado. Duas mentiras incríveis, agora que ele prove.”

Nesta segunda-feira, Fassi voltou a criticar a arbitragem de Andrés Merlos e também mirou em Claudio Tapia, presidente da AFA: “Não foi apenas Merlos a vergonha, mas também fazer com que o Talleres jogasse em uma data FIFA. São muitas coisas, Chiqui… (referindo-se a Tapia) Por favor, não prejudiquem mais o Talleres, Chiqui!”.

Em conferência de imprensa, o dirigente continua irritado e lança várias críticas ao presidente máximo e ao juiz da partida em Mendoza: “Eu não tenho respeito profissional por Merlos. É lamentável que a profissão seja manchada dessa forma. A arbitragem argentina é uma coisa e quatro ou cinco vivos são outra… Quando tivermos esse relatório com o que aconteceu na primeira divisão e na segunda nos últimos cinco anos, vão ficar de boca aberta. Mas o que aconteceu no sábado foi muito grave.”

“Há mais de três anos que Merlos vem apitando para o Talleres e nos prejudica. A designação era perfeita: ele tinha tido problemas com Boca e River, era extraordinária e muito pensada. Antes do jogo, eu expus isso para a AFA e não fomos ouvidos. Falo de Merlos, não da arbitragem do futebol argentino. Apenas quatro ou cinco árbitros subservientes que mancham os 85% de arbitragem honesta”, continuou o empresário.

E disparou: “Você, Chiqui, pode se tornar parte da história do futebol. Pare de enviar os quatro ou cinco árbitros para beneficiar diferentes equipes no campo ou no VAR. Peço a todos os presidentes que temos a obrigação moral de lutar por nossos clubes e também pelo futebol argentino. É por isso que o Talleres não se cala. O que ele diz incomoda porque a verdade incomoda e é por isso que está sendo prejudicado. Chiqui, as pessoas estão cansadas, os torcedores estão cansados.”