O retorno de Benedetto à Bombonera: o 9 que tinha tudo para ser ídolo, se autoboicotou e nem mesmo será homenageado

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Mirava para lá, olhava. Mirava para lá, todos estão mortos”, disse a um cinegrafista apontando para a torcida rival, durante a caminhada em direção aos vestiários do Mario Alberto Kempes. O Boca havia acabado de eliminar o River em Córdoba nas quartas de final da Copa da Liga de 2024 e, enquanto os torcedores do River lamentavam na arquibancada, ele quis que a cena fosse registrada. Tinha entrado no final para substituir Edinson Cavani, uma das figuras do clássico, e em sua única ação relevante decidiu chutar do meio do campo mesmo tendo Langoni e Saralegui livres para o contra-ataque. Essas duas imagens marcaram a despedida de Darío Benedetto do clube: pouco futebol, mais gestos para a torcida do que contribuição para a equipe e decisões infelizes tanto dentro quanto fora de campo. Este domingo, o maior artilheiro do Boca desde a aposentadoria de Martín Palermo – e vigésimo na história – pisará pela primeira vez na Bombonera com as cores de outra equipe. E embora certamente receba demonstrações de carinho dos torcedores, a idolatria que construiu em seu primeiro ciclo e no início do segundo foi ofuscada por uma série de episódios que desgastaram essa relação. Até a sexta-feira, quando expirava o prazo, o Boca não havia solicitado à Liga Profissional autorização para fazer algum tipo de homenagem ao atacante. Sua saída do Boca marcou um ponto de virada. Desde então, não marcou gols com outra camisa apesar de passar por três clubes: Querétaro do México, Olimpia do Paraguai e Newell’s. Em março criticou duramente Agustin Almendra após o meia ser afastado por indisciplina, por decisão de Sebastian Battaglia. Em junho faltou a um treino após comparecer ao aniversário de Ivan Marcone, e o treinador o retirou do avião que ia para enfrentar o Ferro pela Copa Argentina. Julho marcou seu retorno turbulento: na noite anterior ao jogo contra o Corinthians, foi brigar pelas premiações com Izquierdoz, Rojo e Fabra, e no jogo Pipa falhou, além de desperdiçar dois pênaltis. Em setembro teve um desentendimento com Carlos Zambrano no intervalo de um jogo contra o Racing, em que o peruano saiu com um olho roxo. E encerrou o ano sendo expulso no Troféu dos Campeões após acusar o árbitro de estar comprado: deixou a equipe com seis jogadores em campo e o jogo foi dado como encerrado. O ano de 2023 começou melhor, com um hat-trick contra o Patronato na Supercopa Argentina, mas a chegada de Merentiel no início do ano e de Edinson Cavani na metade da temporada o foram relegando na posição. Em 2024, com Diego Martínez, a boa sintonia durou 13 jogos. Jogou pouco, errou um pênalti contra o Nacional Potosí na Sul-Americana e uma nova falta de disciplina o deixou fora do elenco logo após a eliminação contra o Fortaleza: ele comemorou seu aniversário, no dia seguinte foi direto para a sala de fisioterapia e, quando o treinador perguntou sobre sua ausência em campo, respondeu com uma frase inadequada: “Noites alegres, manhãs tristes”. Na Newell’s, os problemas continuam. Chegou a pedido de Fabbiani, mas ainda não rendeu. Se machucou em sua estreia contra o Mazatlán, em um amistoso no México. Depois se ressentiu e chegou no limite para o clássico contra o Rosario Central, com tanta má sorte que Di María marcou um gol em cobrança de falta enquanto ele se preparava para entrar. Jogou um tempo contra Barracas e Atlético Tucumán, os 90 minutos com uma assistência na derrota por 3 a 1 contra o Belgrano pela Copa Argentina, e foi titular contra o Belgrano pelo Clausura, mas também não foi uma boa tarde: perdeu um pênalti incrível, que o árbitro teve que assobiar duas vezes para ordenar a cobrança, que foi defendida pelo goleiro. No último fim de semana, foi titular contra o Estudiantes e novamente não teve um desempenho bom. Para este domingo, Fabbiani, que corre risco de ser demitido, poderia incluir um defensor ou meio-campista a mais e sacrificar o Pipa, mas confirmará a escalação pouco antes de entrar em campo. Benedetto, que em várias ocasiões disse que não jogaria em nenhum outro time da Argentina para não ter que enfrentar o Boca, terá sua primeira vez como adversário na Bombonera. Mesmo assim, o torcedor o receberá com aplausos pelas alegrias que proporcionou, que seus próprios erros impediram de continuar dando, e que certamente lamentarão quando ele voltar a pisar no campo.

Alex Barsa

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